4 de maio de 2012

Café pode prevenir câncer de cabeça e pescoço

(Getty Images)
- Título oficial: Coffee and Tea Intake and Risk of Head and Neck Cancer: Pooled Analysis in the International Head and Neck Cancer Epidemiology Consortium
- Publicação: Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, uma publicação da American Association for Cancer Research

- Quem fez: Mia Hashibe, professora assistente do departamento da família e da medicina preventiva da Universidade de Utah e pesquisadora do Huntsman Cancer Institute.

- Instituição: Universidade de Utah, nos Estados Unidos

- Dados de amostragem: A revisão ocorreu a partir de dados de 5.139 pessoas com câncer de cabeça e pescoço e 9.028 sem a doença.

- Resultado: O estudo mostrou que pessoas que consomem café regularmente podem ser protegidas contra o câncer de cabeça e pescoço.
Pessoas que consomem café regularmente podem ser protegidas contra o câncer de cabeça e pescoço, segundo uma revisão publicada na revista Cancer Epidemiology, Biomakers & Prevention.
A partir de uma análise de nove estudos científicos, que envolveu mais de 5.139 pessoas com câncer de cabeça e pescoço e 9.028 sem a doença – concluiu-se que aqueles que bebem quatro xícaras de café por dia têm 39% menos chance de desenvolver a doença em comparação com aqueles que não bebiam.
Chás ricos em cafeína não foram associados à prevenção desse tipo de câncer. Além disso, os pesquisadores não encontraram indícios em relação ao câncer de laringe.
“Levando em conta o alto nível de consumo do café e a baixo índice de sobrevivência de pessoas com câncer de cabeça e pescoço, nossos resultados têm pontos importantes para a saúde pública”, disse a pesquisadora Mia Hashibe, do departamento de medicina preventiva da Universidade de Utah.
— O que já se sabia sobre o assunto

O estudo acrescentou mais uma evidencia positiva sobre os efeitos benéficos do consumo de café. Cientistas já haviam relatado que pessoas que bebem mais de cinco xícaras por dia diminuíram o risco de desenvolver um tipo de tumor no cérebro chamado glioma. No ano passado, pesquisadores descobriram que homens que bebiam café tinham 60% menos chances de desenvolver um câncer de próstata agressivo. Além disso, o café já foi relacionado a índices reduzidos de câncer colorretal e de endométrio, assim como câncer de fígado.
Por outro lado, estudos já mostraram que o consumo de café pode, por exemplo, aumentar a incidência de câncer de cárdia, uma transição entre o esôfago e o estômago. Ou seja, enquanto o café protege de um tipo de câncer, aumenta as chances de desenvolver outro.
De acordo com Luiz Paulo Kowalski, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Sírio-Libanês, a revisão americana atual tem um poder estatístico muito grande, por conta da quantidade de casos estudados. “Esse estudo vem de encontro com outro importante estudo japonês, que seguiu a vida de 38.000 pessoas por 13 anos. Os resultados mostraram que o consumo de café reduziu a chance de câncer em 50%. Então, temos duas provas epidemiológicas muito relevantes sobre o efeito benéfico do consumo de café para essa condição”, diz.
A pesquisa, porém, não esclareceu porque o café protege desse tipo de câncer. “Um estudo experimental, feito com ratos, mostrou que o café ativou enzimas antioxidantes, que protegem contra os efeitos dos radicais livres. Parece que esse assunto está realmente merecendo interesse na literatura”, acredita Kowalski.
Especialista: Luiz Paulo Kowalski, Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Sírio-Libanês.

Envolvimento com assunto: Na década de 90, Kowalski publicou um estudo realizado com três bebidas consumidas no Brasil: erva-mate (chimarrão), café e chá. Os resultados mostravam uma pequena elevação do risco para câncer de cabeça pescoço em relação ao consumo de café.
- Conclusão
A recomendação médica não deve mudar a partir desse estudo. A descoberta, porém, é importante por mostrar que o consumo não é maléfico para essa doença. Segundo Kowalski, o câncer de boca e faringe tem três grandes vilões: álcool, tabaco e má alimentação. “A prevenção desses fatores de risco seria mais benéfica do que aumentar o consumo de café”, diz. Ele lembra ainda que o consumo exagerado pode trazer os efeitos colaterais da cafeína, como taquicardia, efeitos neurológicos, insônia e irritação.
(Por Natalia Cuminale)

 

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